quinta-feira, 17 de setembro de 2009

no divã

às vezes não sei se te odeio ou se te estou eternamente grata

eternamente grata por várias coisas que vivemos ou por teres tomado a atitude que tomaste porque me permitirá daqui a uns anos não me arrepender ou olhar para trás e perceber que tomei um caminho errado. Hoje sei que não seria feliz, aliás que não me ias fazer feliz, não irias ter a preocupação de me fazer feliz e de nos fazer felizes.

mas,

infelizmente na maioria das vezes odeio-te, odeio-te por me teres tirado tudo
odeio-te por me teres tirado o tapete em tudo na minha vida, parece que de repente acordei no meu corpo mas com outra vida. Odeio-te porque hoje apetecia-me chorar e já nem lágrimas tenho. De facto acho que as perdi, perdi-as de vez. De tantas horas a chorar, em casa, no carro, no parque da faculdade, na casa de banho do hospital, a caminho de um jantar, de me deitar a chorar, de acordar a meio da noite a chorar. De estar a tomar o pequeno almoço na janela e as lágrimas cairem, sei lá onde chorei e com quem chorei. O que a minha chefe me dizia antes "és dura, tu és dura, nunca choras, aguentas tudo" não é de todo verdade nestes últimos meses. Até quando uma das minhas lagartixas (os meus primos) diziam qulaquer coisa mais querida eu chorava, agora secaram as minhas lágrimas.

Estava agora a chegar a casa, depois de um café excelente na Starbucks com uma amiga (o "café" foi muito bom!), ouvia uma música mais sad, queria chorar não conseguia. Estou triste e não consigo chorar, aliviar a minha tristeza, demonstrar fisiológicamente o que me vai na alma. Até isto, até as minhas lágrimas me tiraste.

Odeio-te porque não consigo intrepertar o presente, até o que vivo agora não entendo nem consigo achar que vou entender. Nem os meus sentimentos consigo perceber quanto mais o do outro.

Odeio-te porque não sinto que tenha um futuro ao longe, o futuro que tinha para mim já não está lá.
Sempre disseste que não podia ter o meu mundo alterado, ficava doente. Aiiii, tiraste o de vez. Roubaste o.

Odeio te porque sinto que com 28 anos estou a viver uma realidade que nunca desejei, que andei a fazer por não a ter. Porquê? Não queria estar a viver o estou a viver.

Porque é que tiraste tudo? Sem perguntar opinião.
E vives feliz, vives bem com a tua decisão. Nunca, mas nunca ponderaste, nunca olhaste para trás e sobretudo, para o futuro que tinhamos traçado, que traçamos durante 8 anos e 10 meses.

Odeio-te por estar assim. Odeio-te por achar que me roubaste, não a vontade de amar (isso nunca perderei), mas a confiança. A confiança em mim e "no outro". Sei que até vai chegar, sei que irá aparecer na minha vida, o "the one". Mas acho que esse, terá de me amar tanto e de tal modo, para provar e conquistar a minha confiança. Nele e, sobretudo em mim.
Nunca pensei odiar te. E eu acho que odiar alguém é um dos piores sentimentos que se pode ter, o ódio não devia "morar" em nós. Mas acho que me alugou por algum tempo.
Estou desejosa que o ódio veja o aviso de despejo.

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