segunda-feira, 30 de abril de 2012

Amor

Talvez seja dos primeiros sentimentos que percepcionamos quando nascemos. Somos inundados de um amor enorme por todos os que nos rodeiam.
E de facto aprendemos a amar muito cedo... A família e os amigos. Todos os que vão passando e ficando nas nossas vidas. Mais tarde aprendemos (espero eu) a amar o nosso trabalho, o nosso dia a dia, a nossa vida e a nós próprios.

Mas o amor que gostaria de falar é "o" outro.... Aquele amor que nos move para tudo. "AQUELE AMOR".

Hoje sei o que é o amor.
Sei que começa sempre com a paixão, com interesse, com um despertar de atenção para com o outro, com uma pequena identificação inicial (ou nem por isso!!!! LOL), um processo de conhecimento por uma pessoa totalmente desconhecida. É o crescer de um fascínio por alguém que nunca tinha feito parte das nossas vidas. Começa a existir um arrepiar de pele quando o outro nos toca, o esperar por ele à porta do escritório traz toda a família de insectos voadores para dentro da nossa cavidade gástrica. É uma taquicárdia constante. O telemóvel passa a ser o único objecto que nos coloca a rir em menos de um segundo. Passamos a ter uma redobrada preocupação no que vamos vestir, ou se temos uma teimosa borbulha a chatear, em não chegar atrasados ao combinado. Estamos sempre em modo ir.
Depois chega a partilha, a vivência, o dia a dia, o início da amizade e do companheirismo. E sem saber como nem porquê o AQUELE AMOR instala-se.
De mansinho, sem avisar, sem um pré-anuncio de que a nossa vida irá sofrer uma revolução que nos mudará para sempre. Instalam-se planos, sonhos partilhados e partilha e procura de cumplicidade para os sonhos individuais.
É sermos tão tontos, tão deliciosamente tontos.... é preparar surpresas até a nossa criatividade explodir....

De repente, percebemos que o outro nos faz brilhar! Que é redentor, inunda a nossa vida com luz, é o nosso porto de abrigo, o refúgio mais sereno e mais adorado. Sentimo-nos sempre bem em aportar no outro. Torna-se um verdadeiro colo que nos protege do mundo. Aninhamo-nos e parece que AQUELE colo foi feito à nossa medida. E tem um escudo invisível. Ali, naquele colo, não há medo, não há perigos, não há "maus", e, há uma energia.... um calor. Um encaixe compatível.... o único compatível.
É quem nos protege, é quem nos abraça quando fazemos uma birra, é quem nos chama goofy quando nos portámos mal e fomos injustas. É o toque mais terno e mais doce e ao mesmo tempo mais desconcertante que pode existir.

Sentimo-nos não só protegidas como somos capazes de sentir que O protegemos do mundo! Avançamos para a frente da batalha mais temida pondo-nos em frente a todos para O proteger. Sentimos uma vontade de O proteger, que somos capazes de combater tudo e todos. Só mesmo para O proteger. Só mesmo para que jamais possam atingir a nossa pessoa amada.
Deixamos as futilidades cair, deixamos as barreiras cair. Apresentamo-nos a quem amamos tal e qual como somos. Sem medo do julgamento, sem medo da crítica, sem medos. Assim, tão simples como apresentarmo-nos tão simplesmente o Eu.
Ontem ouvi dizer que o amor é egoísta, não concordo nada. Acho precisamente o contrário. Amor é libertador, amor é dar desmesuradamente, é dar dar dar dar dar dar dar dar dar .... Dar faz-nos receber, porque simplesmente ao dar, estamos a receber. Eu acho impensável ver o amor como egoísta.... É tão bom dar... É tão bom provar ao outro demonstrando-o diariamente (a cada segundo!!!!) que estamos cá para ele... é tão bom...

Amor é acima de tudo respeito. È não forçar ninguem a nada, é aceitar o outro tal e qual como é, é amar mais do que nunca o outro com tudo o que pode implicar de aceitação.

Amor é humildade, deixar de querer ter sempre razão, desistir de ser perfeita e exigir a perfeição, deixar de ver quem cede ou exige. Fazer sobretudo à medida do outro sem esquecer a nossa medida também. É dizer desculpa, é dizer errei, é dizer deixa-me mudar, deixa-me ser mais e melhor. Deixa-me chegar ao nosso melhor. É aceitar a diferença, o não programado, é largar sem nunca ter tido a ideia de um perfil do outro. Largar todos os check-list's possíveis e imaginários. É aceitar as fragilidades do outro deliciosamente descobrindo-as e provar que estamos para o outro. Estamos cá precisamente para as fragilidades do outro, para as aceitar e para ajudar o outro a fazer mais e melhor ou não!

Amor é plenitude, deixar a prisão do passado, procurando viver o aqui e o agora. É viver o presente tendo sempre certo que o futuro é construido agora. O nosso futuro pode sempre ser corrigido, melhorado e reconstruído à nossa medida. À medida dos dois, em algumas fases à nossa medida e em outras fases à medida do outro.

Amor é saudade. È sentir um nó no corpo todo quando não estamos com a pessoa, é sentir um vazio quando ele está longe.

Costumo dizer que o dia a dia de uma relação é como um veleiro.... Umas vezes os dois ao leme, outras vezes um outras vezes o outro. O importante é estarmos juntos nos mesmo veleiro.... Amor é levarmos as rosas todas do mundo quando o outro tem espinhos na vida.... É conseguir provar que estamos simplesmente cá para ele.
Amor é o que nos permite a partilha, a amizade, o companheirismo, o desejar estar sempre ao lado do outro (não fisicamente, mas com uma presença tal que pode estar um em Portugal e o outro em Taiwan e estarmos bem juntinhos), é ajudar o outro a ser mais e melhor tornado-nos também mais e melhor.
É saber aceitar a mágoa e a dor que o outro nos traz. Somos humanos, nem sempre iremos atingir as expectativas do outro, tal como o outro não irá atingir sempre as nossas. É desculpar e sobretudo saber que o outro nos irá magoar sempre na proporção do amor que temos por ele. Por isso temos de aceitar a dor, temos de saber vivê-la e sobretudo fazê-la passar rápido! Entendê-la, percebê-la mas mais do que nunca saber vivê-la ao lado do outro. Amor traz sempre mágoa proporcional ao amor que sentimos.
É desculpar o outro, saber que em qualquer tipo de relação humana, a dor e a tristeza são sempre proporcionais à alegria, felicidade e amor.

Amor é a frase de Leonard Cohen: You choose your way, I go your way too.

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