quarta-feira, 19 de setembro de 2012

o outro lado....

O bom de poder ter um blogue PESSOAL é poder despejar "aqui" o que me apetece.... A MINHA opinião.

Nos últimos dias por todo o lado crescem "notícias" "artigos de opinião" "excertos" do que estamos a viver: a crise.
Sem dúvida que quer a nível político quer a nível social e económico a qualidade de vida no nosso país teve um crescimento positivo. É ou pelo menos o que todos achamos ser suposto: a qualidade de vida da sociedade ir melhorando com o avançar dos tempos.

È obvio que tenho acesso a muito mais "bens" de qualidade que os meus pais tiveram, o mesmo quando comparo com os que os meus avós tiveram. Tecnológicamente tudo também era diferente, mas sim, ao logos das diferentes gerações o saldo foi sendo cada vez mais positivo. Parece-me bem, dado que estou no final de linha geracional e sou até ao momento a mais abençoada! E espero daqui a um tempo, ver o meu neto escrever o mesmo e caracterizar-se como estando mais abençoado que a avó (leia-se Eu - os cabelos brancos dão nisto...).
Tal como já referi, não me parece mal, mas por vezes penso se de facto não deveria parecer?! Se, de uma forma geral, a diefernte que há entre as gerações de hoje de de há uns 30 ou 40 anos se deveria ser tão exponencialmente diferente? Será que a diferença deveria ser tão notória?
Se eu pensar, em cuidados de saúde, educação, acessibilidade sim. Mas será que no nosso dia-a-dia é correcto ser tão diferente? Se os comportamentos, principalemnte em termos de consumo e economia familiar deveriam ser tão díspares entre uma e outra geração?

Leio textos sobre histórias de Antónios desempregados com namoradas Marias estagiárias em escritórios de advogados... A história não é propriamente cor de rosa e até sei que será um dos retractos descritivos mais representativos da sociedade. MAs a minha pergunta é: e o que o António e a Maria foram tendo durante a adolescencia? Os game boys ou PS ou até mesmo as viagens de inter-rail que tiveram e que para isso o pais tiveram de pedir um emprestimo porque queriam dar isso ao António e à Maria e nao tinham dinheiro? Ou quantos empréstimos os pais tiveram de pedir para terem uma casa maior, ou 2 ou 3 carros no agregado familiar? Ou a bimby que foi paga durante meses e meses? Ou o créidto que os pais tiveram de fazer para pagar as proprinas e augar casa porque não podiam ir para uma residência que parecia mal?
Se o António e a Maria não têm dinheiro para comprar um carro porque é que andam a pagar o empréstimo do Fiat (mais seguros, mais revisões...)?
O que não está dito é que provalmente o António fica em casa a ver TV por cabo, todas as semanas vai ao cinema ou beber uns copos no bairro, foi a pelo menos a um festival de verão (com pass para todos os dias) e tem um telemóvel designado por smartphone. A Maria tem unhas de gel que tem de fazer a "manutenção" de 15 em 15 dias - no escritório fica bem - pinta o cabelo, toma o pequeno almoço fora de casa, almoça num restaurante com comida caseira ao pé do escritório, e todas as semanas lá compra qualquer coisa na Bershka ou na Primark - quando vai ao shopping. Ahh e apesar de morar nos subúrbios de Lisboa e precisar de vir trabalhar de comboio (onde vem a ouvir músca no seu ipod com muitos megas de capacidade, quero dizer: um que não o shufle), tem o passe de comboio e metro.. apesar de estar a 20 minutos de caminhada entre a estação de comboios e o escritório. Não dá para andar todos os dias... É muito tempo a andar a pé. Este ano ainda foram de férias para o ALgarve... lá vão faltar às festas das discotecas da moda lá para as bandas de Albufeira ou Portimão - foi pacífico pediram um empréstimo à Cofidis e a Maria ainda vendeu um ouro que tinha herdado da avó.

Ainda na 2ª feira no primeiro dia de aula de faculdade (pública) voltei a achar incrível, o grau tecnológico dos telemóveis dos meus alunos, a quantidade de ipad's, para não falar nos que vêem de carro (percebi pelas conversas que o estacionamento é caótico: "incrível demoramos horas para arranjar lugar para o carro"). Como estamos em tempo de praxes, não avaliei as roupas, mas estou certa, que rapidamente vou aperceber que estão dentro das últimas modas..... E comem todos no bar, "sabe professora, a comida da cantina não presta e trazer comida não dá jeito". Não é suposto serem criaturas com cerca de 19-20 anos que ganham mesada? E com pais que vivem em dificuldade? Como é que há dinheiro para tudo aquilo? Se calhar trabalharam todos como nadadores salvadores ou em Zaras durante o verão.... E foi tudo fruto do seu trabalho.

Quando em outro texto que li falava que a netinha tinha vindo para a rua lutar pelos mesmo direitos que o avô tinha lutado, confesso que só pensava e os deveres da netinha?
Será que a netinha também tem os mesmo deveres que o avô tinha?

Será que não estamos mesmo a ter de pagar uma factura que durante anos e anos não nos preocupámos com ela? Será que não deveríamos ter feito SEMPRE uma vida à luz das nossas possibilidades?

Se eu acho que ganho mal para o trabalho que tenho de desempenhar todos os meses e há 10 anos? Sim acho, sobretudo o que sempre mais me custou foi ter de ter sido eu a suportar a apresentação de trabalhos em congressos - inscrições, viagens, alojamento - quando ia representar o hospital. Nunca tive qualquer apoio institucional, apenas me deixar faltar os dias em que estou no congresso a representar o hospital (e tiram os subsídio de almoço). Se mes custou ter pedido à faculdade um equipamento emprestado porque o hospital não iria fazer aquele investimento, o serviço ser assaltado e ter de pagar novo equipamento? Sim custou-me horrores. Naquele dia pensei em sair da função pública. Se me custa ter dias de trabalho de mais do dobro de horas para além das que contractualmente recebo e não ganhar mais nada por isso? Sim custa. Se me custa ter tido o meu contracto na faculdade reduzido? Sim custou e muito... Se me custa pagar o que pago de impostos todos os meses de Setembro... Se custa - IMENSO.

Mas também acho que não estávamos a viver com um tamanho de lençol adaptado à dimensão da cama onde nos deitamos todos os dias. Continuo a achar que um dos segredos está na despesa, na pública e na doméstica. Continuo a ver dinheiro mal gasto. Quer no sector público (acima de tudo!!!) quer no sector familiar.

Acho que gastámos e continuamos a gastar mal o nosso dinheiro...
Continuo sem perceber algumas despesas que nem sequer por razões economicistas são bem gastas, arranjaria várias soluções bem mais baratas e sem prejuizo para o alvo da missão instituicional, no limite, o cidadão. Continuo a ver que sobretudo gastamos mais do que podemos e gastamos mal.
Todos queremos ter a mesma qualidade de vida, os mesmos bens, os mesmos serviços... Não podemos ter todos o mesmo, e sobretudo só podemos ter aquilo que realmente o nosso ordenado permite... Não percebo como determinadas pessoas vão ao cabeleireiro todas as semanas (sem terem um trabalho que exija isso), como as churrasqueiras estão sempre cheias, como é impossível marcar mesa quando se quer jantar fora, como os restaurantes nas praias estão cheios ou como há tantos "sacos" nas mãos num centro comercial, como tanta gente comprar refeições congeladas, como as pastelarias continuam tão cheias rotineiramente....

Não estamos bem, não não estamos.Se já pensei em sair do país, cada vez penso mais nessa hipótese. Se estamos bem governados, longe disso, muito longe disso. Se acho que os nossos governantes actuais e passados têm grande grande responsabilidade: sim toda! Só me recordo, por exemplo, do que poderíamos ter de facto crescido com os fundo da UE e nos deixámos deslumbrar e acabámos por aplicá-los da pior forma. Bem que os discursos de algumas personalidades, recordo-me rapidamente de Manuela Ferreira Leite há uns anos, poderiam ter sido ouvidos mais cedo... Se me custa ver um primo ir trabalhar para Angola porque cá está impossível? Sim custa imenso.
Se só de ouvir a sigla TSU fico em cabelos em pé... sim. Acho uma medida incorrecta? Acho.
Mas toda a postura nacional individual também tem de mudar. As coisas não estavam nada correctas e não me parece que no essencial estejam de facto a mudar. Se o discurso do empreendorismo já não estimula ninguém, penso que é errado, mas até faço um esforço por compreender. Mas a postura de "desgracadinho de mim" "que injustiça" também não me parece o melhor....

Mas continuo a divertir-me a ver a criatividade dos cartazes das manifestações.. lá isso continuo! Estão super criativos e cheios de humor, lá isso estão.

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